É possível fazer uma festa junina legal e ainda comprometida com a aprendizagem das crianças e dos adolescentes
Pé de moleque, canjica, curau, pamonha, bolo de milho, quentão, bandeirinhas, fogueira, chapéu de palha, sanfona e arraiá. Sim, estamos falando de festa junina. Todo mês de junho é assim: tiramos do armário as camisas xadrez e os vestidos de chita, pintamos sardinhas nas meninas e bigodinhos nos meninos e vamos satisfeitos para a festa na escola, pensando em todos os quitutes deliciosos que nos aguardam.
Esquecemos o principal: o significado da festa. Você conhece as origens das festas juninas? Sabe por que comemos tantas iguarias de milho e de onde vêm as danças? E o colégio do seu filho, aproveita as festas juninas para preencher buracos na grade horária e engordar o caixa ou utiliza os festejos para ensinar alguma coisa para as crianças?
Embora seja uma tradição consagrada e rica da cultura popular, muitas escolas organizam festas de São João, Santo Antonio e São Pedro que pouco, ou nada, contribuem para a aprendizagem dos alunos. O Educar Para Crescer consultou alguns pedagogos e um antropólogo e elencou algumas dicas para garantir que a sua festa junina seja uma verdadeira aula.
. Procurar o sentido original da festa
Qual a origem da festa junina? Descobrir isso pode ser o primeiro passo para a contextualização da festa. E é importante motivar os alunos a buscarem esta resposta. Saber que a tradição vem dos festejos de agradecimento aos santos pela colheita do meio do ano e que, por isso, a maioria dos quitutes é feita de milho, por exemplo, pode despertar neles o interesse pela história. "É necessário recuperar o porquê da tradição da quadrilha, das comidas, da fogueira, para que a festa junina não vire uma mera caricatura do mundo da roça", diz o antropólogo Jadir de Morais Pessoa, professor titular da Universidade Federal de Goiás, especialista em folclore
. Envolver os estudantes no assunto
Como motivar os estudantes e trazê-los para o projeto? A escola Viva, de São Paulo, utilizou, neste ano, um recurso muito simples: fixou painéis por toda a escola. Os cartazes, confeccionados pelos próprios alunos, traziam curiosidades e atraiam a atenção para o evento. "Foi uma maneira de despertar a atenção nos mais novos. Os painéis traziam informações do tipo: você sabe por que tem fogueira na festa junina? Além disso, traziam fotos dos professores em festas juninas, quando crianças. A brincadeira era adivinhar quem era o professor", disse Marta Campos, coordenadora geral do Ensino Fundamental I da Escola Viva.
. Estimular a participação da família
A participação dos pais e familiares é importante para as festas juninas em vários aspectos. Para começar, quando comparecem os pais estimulam a criança e reforçam a auto-estima. Mas eles também podem contribuir na organização. No Colégio Oswald de Andrade, por exemplo, os pais conjuntamente com os filhos são convidados a preparar e a trazer os comes e bebes. "A participação dos pais é muito importante para nós. Cabe a eles trazer as comidas, que ficam todas dispostas em uma mesa. O lanche é comunitário, não tem custo, é só chegar e pegar", diz Roberta Ferrari Rodovalho, assistente de direção do Colégio Oswald.
. Não usar a festa para arrecadar dinheiro
A festa junina não pode ser apenas um pretexto para se arrecadar dinheiro para melhorias na escola. Precisa se auto-sustentar, é claro, mas não precisa gerar lucro. Algumas escolas, como a escola da Vila, em São Paulo, preferem utilizar a festança para juntar recursos para instituições de caridade. "Não cobramos entrada. Pedimos para que as pessoas tragam doações, que repassamos à ONGs que ajudam pessoas carentes. Em 2008 e em 2009, estamos arrecadando utensílios de higiene e roupas para uma instituição que auxilia moradores de rua", disse Wanilda Tieppo, assistente de direção da escola da Vila.
Beijocas
Cris Chabes
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